Em
muitos o agradecimento do título impactará como um soco no peito. Questionarão
como alguém, em pleno juízo e consciência, pode concordar com as declarações a
afirmações homofóbidas proferidas pelo Deputado Federal Marcos Feliciano, hoje
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Pois
bem, o agradecimento em nada corrobora a interpretação dada pelo citado parlamentar
a questão dos direitos dos homosexuis, contudo, elogia os efeitos trazidos por
ela.
Não os
efeitos aloprados que podem gerar na cabeça de jovens desajustados e alienados
de que os homosexuais são uma “raça” ou que não devam ter seus direitos mínimos
respeitados, a começar por sua integridade física. Não é isso.
Os
efeitos benéficos trazidos pelas declarações desarazoadas do parlamentar são o
retorno do debate a algum tempo esquecido por nosso meio social. Independente
da posição que tenhamos, repreensível a interpretação de que tudo já se
encontrava resolvido e apaziguado quando se trata de tema tão delicado.
A sociedade
como um todo, e não analisada isoladamente pela interpretação deste que
subscreve, daquele que lê ou do alienado que agride pessoas movido unicamente
por sua loucura, mas de uma forma geral, não se decidiu sobre a forma que deve
tratar a pessoa que possui opção sexual diversa do comum.
Apesar
de agir com a hipocrisia característica do ser humano, a coletividade, apesar
de tentar não se chocar com o que foge ao normal, intimamente se abala, se
incomoda de alguma forma, se preocupa com a possibilidade de seus filhos
trilharem tal caminho. Tal preocupação não nasce da escolha em si, pois o
direito de cada um escolher o que fazer com seu corpo ou com sua vida a
sociedade já aceitou, mas com os efeitos que isso trarão para o indivíduo pela reação
da própria sociedade.
Não é
aceitável a tese de que o supracitado parlamentar ou qualquer um de nossa
sociedade entenda que é vedado ao ser humano, seja ele quem for, decidir de
livre e espontânea vontade o que fazer com sua vida. Isso foge a lógica,
flertando com o intervencionismo. Contudo, é possível visualizar uma
preocupação íntima com os efeitos trazidos ao indivíduo que escolhe o caminho
do homosexualismo. A preocupação maior não é a escolha em si, mas o difícil
caminho e os obstáculos encontrados por ele na busca por sua felicidade.
Com
isso não se está defendendo qualquer das afirmações proferidas pelo citado
parlamentar, sendo todas elas dignas de críticas e, no sentido bíblico,
apedrejamento. Contudo, não deve haver uma revolta contra a posição do deputado,
mas sim contra a forma de expô-la.
Quem
proferiu as declarações que mobilizaram o país foi um Deputado Federal,
legitimamente eleito através do processo democrático brasileiro, processo este
que, salvo conhecidas manipulações que ocorrem externamente ao sufrágio
propriamente dito, busca garantir a representatividade proporcional do
eleitorado nacional.
O
citado parlamentar, que não sofreu nenhum distúrbio de personalidade ou
deficiência mental de sua campanha até o momento no qual defendeu suas posições,
por mais que a idéia agrida, representa legitimamente parcela significativa do
eleitorado nacional, parcela esta que em sua maioria possuem ou são
influenciados a possuir a mesma opinião ora atacada do nobre deputado.
Aquele
a quem hoje se ataca somente é fruto de nossa sociedade. Não podemos nos
enganar de que sua retirada da posição de Presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados resolverá o problema, apesar da falta de lógica
inerente a manutenção.
Nossa
sociedade, ou parcela significativa dela, caso busquemos esconder os fatos, é
homofóbica. Ela aprendeu a tolerar a manifestação de carinho pública de
cidadãos que optaram por uma sexualidade diversa do padrão, contudo, ainda lhe
choca a idéia de que seu filho siga tal caminho.
Apesar
de antiga, a opinião do falecido Deputado Federal Enéas Carneiro representa
muito bem a opinião pública em seu íntimo a respeito do homosexualismo, onde
esta deve ser respeitada como manifestação dos direitos da personalidade,
contudo, não deve ser defendida ou ensinada como opção (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=HxCA5xKC6lc).
Tal
interpretação apenas peca pela importância dada de forma elevada a função da
sociedade, bem como a falta de atenção ao direito de livre administração
patrimonial de todo ser humano (com as limitações impostas pela lei). Contudo, a
última questão poderia ser perfeitamente resolvida através da adaptação da
figura da união estável, presente hoje em nosso sistema jurídico, o que
isoladamente já daria assunto para um novo artigo.
Desta
forma, a questão do homosexualismo ainda tem muito o que ser debatida no seio
de nossa sociedade, não sendo fácil ou tranquilo o caminho daqueles que tiveram
esta opção sexual. Contudo, certo é, conforme defendido pelo falecido Enéas e
imposto pelo bom senso, que estes cidadãos devem ter seus direitos respeitados
assim como todos os outros de nossa sociedade. E para isso, não há outro
caminho que não a educação.
Se o
atual Presidente da Comissão de Direitos Humanos defende explicitamente
propostas homofóbicas e de incitação a discriminação isso é demonstração clara
da falta de educação que infecta nossa sociedade. Pessoas esclarecidas e
educadas não possuem posições radicais e nem se deixam levar por teses como as
defendidas pelo nobre parlamentar que, reafirme-se, apenas representa seu
eleitorado.
A
educação sim é a causa e a consequência de tudo. Enquanto não lhe for dada a
atenção necessária, em períodos cíclicos, visualizaremos acontecimentos como
este.
Posições
mais contestáveis já foram defendidas e atitudes mais revoltantes já foram
realizadas pelo nobre deputado, tais como pregar um Deus vingativo (http://www.youtube.com/watch?v=VMpYWvGvMZg),
ou praticar flagrante estelionato (http://www.youtube.com/watch?v=rk7KmRdwiR8),
contudo, faço coro a Epicteto quando afirma que “só a educação liberta”.